Conversas sobre literatura, livros, escrever e ler

"Há semanas que, salvo duas breves interrupções, não pronuncio uma só palavra; a minha solidão fecha-se, enfim, e estou no meu trabalho como o caroço no fruto." René Maria Rilke

"A solidão que acontece ao escritor por força da obra revela-se nisto: escrever agora é o interminável, o incessante." Maurice Blanchot

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Drops de invenção: os hiperbóreos

Aquele mendigo, queimando-se vivo, debatendo-se. Nunca nos esqueceremos da cena. Do cheiro. Me lembrou os fins de semana de clube, churrasco, todos nós ainda crianças, brincando na piscina dos pequenos, os pais entornando garrafas de cerveja, comentando jogos e simulando não-olhares para pernas bem torneadas, certamente não pertencentes às respectivas esposas. As mães de olhos colados em nossos corpos pequenos.

O álcool, quando começa a pegar fogo, parece invisível, fogo que só queima, sem se ver. Foi assim com o mendigo: Chico despejou a garrafa de álcool no preto e eu fui logo atrás, riscando fósforos de uma marca vagabunda. Tão vagabunda que tive que riscar oito palitos até que conseguisse acender o fogo.

Nós somos o máximo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário